quinta-feira, 19 de abril de 2012

Liberdade para demarcações geográficas favorece construtoras

FOLHA.com

Antes de achar que corretores e imobiliárias querem vender gato por lebre, é bom saber que chamar Pinheiros de Jardim América, por exemplo, não é algo tão fora da realidade como parece. Pelo menos administrativamente.

A Prefeitura do Município de São Paulo considera 31 subprefeituras, 96 distritos e nove zonas na definição da divisão político-territorial da cidade. Segundo a assessoria da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, a lógica do mercado imobiliário independe da divisão oficial da prefeitura: cada empreendedor tem sua política de lançamento.

A executiva da Gafisa Erika Fugiwara explica que a escolha do local de um futuro lançamento leva em conta algumas variáveis. Entre as sempre analisadas pela empresa estão a oferta de terrenos na região, a demanda por um determinado produto, a proximidade de transporte público e de equipamentos urbanos, o histórico de vendas dos últimos lançamentos da concorrência e o potencial de valorização da região.



Zé Carlos Barretta/Folhapress - A executiva Vania Ciorlia mora oficialmente no bairro de Santa Cecilia, mas na divisa com Higienópolis, em São Paulo

"Na cidade de São Paulo, a análise sobre o estoque de outorga onerosa em cada subprefeitura também é fator determinante na hora de investir", diz Erika, referindo-se ao instrumento do Estatuto da Cidade que regula o uso do solo urbano, segundo o qual o empreendedor pode construir além dos limites estabelecidos por lei mediante pagamento ao poder público.

As construtoras e os habitantes da cidade não são os únicos a adotar uma divisão diferente da oficial. Repartições e órgãos públicos, como delegacias de polícia, zonas eleitorais, fóruns, agências dos Correios, empresas de telefonia e a CET contam com suas próprias demarcações para facilitar a logística do dia a dia.

O espaço físico tem seus obstáculos e variantes, como rios, grandes avenidas, ruas sem saída, becos, praças e pontos de convergência que confundem até os experts em rotas urbanas.

NOME "FANTASIA"

Os nomes comerciais, ou "fantasia", são criados como estratégia de marketing para valorizar um empreendimento, como aconteceu com o Thera Residence Faria Lima e o Berrini, da Cyrela, que escolheu duas avenidas ideais para levar o conceito da marca de morar perto do trabalho. Outras vezes, um grande centro de compras acaba apelidando a região, como ocorreu com os bairros Anália Franco e Jardim Sul.

Há ainda casos em que as construtoras criam o bairro inteiro, como o Paulistano, da Rossi Residencial, no Morumbi, e o projeto que a Tecnisa e a PDG estão implantando na região da Barra Funda, um bairro planejado de 250 mil metros quadrados, com 30 torres residenciais, duas comerciais e um centro para lojas de conveniência, além de praça de 50 mil metros quadrados, que será aberta ao público.

"Trabalho na região há algum tempo e posso dizer que o preço médio de venda por metro quadrado dos terrenos na Barra Funda valorizou-se de R$ 600 em 2007 para aproximadamente R$ 3.000 atualmente", conta o corretor Marcelo Abrigato, da Zimmermann Imóveis. "A procura é grande, pois o futuro morador terá os mesmos benefícios dos bairros vizinhos por um preço mais baixo."



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